A fotografia se constitui na atualidade como um meio bastante utilizado por pessoas de diferentes gerações independente da classe social, gênero ou etnia, largamente utilizada vem alcançado um poder quase sedutor de registrar de eventos e situações, sendo que desde sua origem, traz a ideia de que podemos guardar tempo. Desde o século XIX muitas descobertas aperfeiçoaram os métodos e processos técnicos fotográficos a fim de contribuir para sua preservação e fixação. Deste modo, a fotografia analógica cedeu lugar à digital na era da computação apresentando um novo sistema de armazenamento (CD, mini card, HD, pendrive), e de processos de revelação e ampliação. No que diz respeito às imagens, ainda que permita uma abordagem fotográfica mais técnica, a fotografia não é vista apenas como meros documento histórico. Segundo Juliet Hacking em seu livro Tudo Sobre Fotografia, podemos identificar em muitos casos uma preocupação estética na produção da imagem por parte do fotógrafo, de acordo com a autora, a fotografia pertence tanto à esfera da realidade quanto à da imaginação, ou seja, as duas estão sempre interligadas.
HISTÓRIA
Em sua história, principalmente no século XIX, o mundo teve a notícia de que era possível capturar imagens através de uma invenção que no mínimo foi revolucionária. A câmara escura até hoje é estudada através dos seus princípios físicos. Um dos primeiros processo inventado na época por William Fox Talbot (1800-1877) foi o ‘’desenho fotogênico’’ que resultava numa imagem negativa em papel cujas características a aproximavam das artes gráficas, este tipo de técnica que permitia produzir inúmeras cópias positivas. Desde a invenção da fotografia a em 1839, a questão da identidade e do status desse meio de reprodução de imagem foi debatida com base não em suas origens tecnológicas, mas em seu relacionamento com as artes. Poucos negavam que a fotografia fosse uma invenção engenhosa da era moderna, mas muitos a enxergavam como uma ameaça aos valores tradicionais associados às belas-artes. Em uma sociedade simbolicamente dividida entre “cavalheiros” e ‘’camponeses’’, uma máquina que produzia imagens era uma ameaça à ordem social.
Fox Talbot, "O palheiro", papel salgado a partir de negativo de papel, 1844. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Pencil_of_Nature>. Acesso em: 23/09/17 |
Apesar de tudo, a popularização da fotografia, se tornou concreta por volta do século XIX e levou a uma mudança de atitude em relação a esse meio de expressão. A prática da calotipia durante as décadas de 1840 e 1850 na Grã-Bretanha e na França trouxe uma extraordinária série de experimentos e avanços técnicos e estéticos. Em 1857, a crítica de arte e historiadora Elizabeth Eastlake ponderou que a fotografia deveria ser louvada, mas apenas se não pretendesse ir além dos “fatos”. Poucos anos depois, o poeta e crítico francês Charles Baudelaire denunciou a fotografia comercial como um poderoso inimigo da arte.
Na década de 1860, a maioria dos fotógrafos comerciais consideravam características técnicas, como a nitidez da informação visual e uma qualidade de impressão impecável, a melhor maneira de demonstrar a superioridade de suas imagens fotográficas. Essa concepção técnica de excelência traduzia que, para os aspirantes a fotógrafos profissionais, a fotografia era uma arte do real. Algumas figuras notáveis rejeitaram essa visão ortodoxa, considerando a fotografia uma maneira de criar combinações complexas de imaginação e realidade. O mais famoso desses fotógrafos amadores foi uma mulher: Julia Margaret Cameron (1815-1879). Ela beirava os 50 anos quando começou a fotografar e, ao longo da década seguinte, criou uma obra extensa com pretensões exclusivamente estéticas. Mas foi somente no fim do século XIX que a subjetividade na fotografia conquistou uma legitimidade cultural mais ampla.
Alguns fotógrafos que haviam alcançado relativo sucesso nas sociedades fotográficas consagradas à época por conta dos avanços técnicos por eles valorizados, foram essenciais para o surgimento do movimento internacional conhecido como “pictorialismo”. A fotografia pictorialista é ditada por técnicas e efeitos emprestados das artes gráficas. As imagens resultantes, muitas vezes impressas em tons vibrantes e de aparência desfocada, nebulosa e onírica, pretendiam provocar reações estéticas, e não objetivas. Muitas das composições pictóricas invocavam a gravidade artística do movimento Simbolista, como na fotografia A harpa eólica (1912), de Anne Brigman (1869-1950).
Anne Brigman," A arpa eólica", Pictorialismo, 1912. Disponível em: <https://www.iif.com.br/photomag/fotografia-como-arte-uma-longa-expedicao/>. Acesso em: 23/09/17.
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A ideia de que a fotografia pudesse ter uma estética própria e se basear em qualidades específicas foi altamente sedutora para os fotógrafos artísticos americanos, muitos dos quais renunciaram ao pictorialismo. Edward Weston (1886-1958) chegou a defender a ideia de que o trabalho criativo da fotografia não deveria mais ser conduzido na câmara escura, mas sim na “pré- visualização” da cena por parte do fotógrafo e em sua composição antes de expor o negativo na câmera. Em 1932, um grupo dedicado à promoção da fotografia convencional, conhecido como Grupo f/64, foi formado na Califórnia, com Edward Weston e Ansel Adams (1902-1984) entre seus membros. Weston, com suas naturezas-mortas e seus nus quase abstratos, e Adams, com suas líricas fotografias de paisagens, dominariam a fotografia artística nos Estados Unidos por décadas a fio.
Referência Bibliográfica:
_ HACKING, J. "Tudo sobre Fotografia." Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
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